As intempéries que o corpo provoca

Com recusa social onde é altamente censurado, no país chinês, Ren Hang (http://renhang.org/) expõe em forma de fotografia, a homossexualidade e o fetiche explicitando fotos cruas com grande cunho sexual. Este é um dos artistas que tem aberto as cortinas de grandes mostras internacionais.

Hang, contemporâneo da cena fotográfica, objetiva em sua obra a quebra de tabus quando deixa de estigmatizar o entrelaçamento de pessoas, totalmente despidas, - ou do mesmo sexo ou de sexos opostos - assim como em outras imagens acrescenta objetos inusitados, muitas vezes me arrepiando por serem medonhos.

É, portanto, a quebra de diversos tabus com relação a diversos fetiches, a corpos nus, ao sexo, a homossexualidade que Hang critica a sociedade contemporânea, exaltando tanto o lado sombrio quanto o erótico existente contemporaneamente. Contudo, são tratados como estranhos e ditados como algo negativo. Olhando por essa perspectiva, proposta por Hang, e a comparando com a nossa sociedade é perceptível para mim, pelo menos, a hipocrisia que criamos com relação à ideia de corpo, através da transposição de maneiras aceitáveis a ideia do nu para o meio que vivemos. Por que não transpor uma liberdade corpórea e uma liberdade do amor?

Noto que há uma dificuldade de aceitação tanto do corpo como expressão quanto a relação de amar outros corpos. A grande diversidade de amar é um dos focos das obras do fotógrafo chinês, e é uma das maiores dificuldades que encontramos hoje. A de aceitar o próximo independentemente da forma como ele ama o outro. A homossexualidade é uma forma de amar. É, apenas, com conhecimento e com a disseminação cultural com tais abordagens que buscam a quebra de tabus do nu e das diferentes formas das pessoas se relacionarem é que construiremos uma sociedade livre. Livre no sentido de ser o que és.

A prática do AMOR
não tem COR
não tem PUDOR
não tem RAÇA
não tem GRAÇA

A práxis do AMAR
não te ESCOLHE
não te COLHE
É no tato
É no fato
É no nu

O entrelaçar dos pelos
não tem QUEM e nem pra quem

Pedro Lacerda